
Zanin: Quantos e-mails o senhor analisou, sr. Marcelo?
Marcelo: Eu já devo ter encaminhado mais de três mil e-mails, entendeu? Eu vou te dizer o seguinte, é melhor que a defesa do Lula fique com os e-mails, porque quanto mais eu vou, mais complica a vida dele.
Este é um trecho da audiência do novo depoimento de Marcelo Odebrecht ao juiz Sérgio Moro na quarta-feira (11). É o questionamento do advogado de Lula, Cristiano Zanin, para o ex-presidente do grupo Odebrecht. O novo depoimento foi solicitado pela defesa de Lula após Marcelo Odebrecht encaminhar mais de 3 mil novos e-mails – retirados do seu computador pessoal – que revelam mais ainda a relação promíscua de Lula com o grupo. A defesa lulista alegava que precisava tirar dúvidas com Odebrecht, que está auxiliando a Justiça com sua colaboração premiada.
Mas, na nova audiência, o que se viu foi mais uma manobra protelatória (para ganhar tempo) da defesa de Lula. Simplesmente, Zanin disse que não ia fazer perguntas alegando que não teve o ao conteúdo do computador de Marcelo, sem ter feito expressamente esse pedido ao juiz Sérgio Moro anteriormente.
Moro rebateu no ato a atitude da defesa:
Moro: Mas aí é um pouco uma brincadeira da defesa.
Zanin: Não, brincadeira não é.
Moro: A defesa apresenta uma petição com questões escritas, dirigidas ao senhor Marcelo Odebrecht, pedindo que sejam respondidas. Agora a defesa vem e diz que não quer fazer as perguntas.
Zanin: A defesa não teve o ao material.
A audiência faz parte de outro processo em que Luiz Inácio Lula da Silva é réu. É o segundo após o processo do tríplex de Guarujá, em que ele foi condenado por 12 anos e 1 mês e acabou preso no último dia 7 (sábado). De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Lula recebeu propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno para ser construída a sede do Instituto Lula no valor de R$ 12 milhões. O terreno chegou a ser comprado, mas o dinheiro voltou para a conta de propina (de Lula) porque ele desistiu do terreno.
A empreiteira também pagou, de forma disfarçada, a compra de um apartamento em São Bernardo do Campo, no mesmo prédio onde Lula mora, e contíguo ao seu.
O terceiro processo em que Lula é réu é o do sítio de Atibaia, que está em nome de laranjas. O sítio foi ampliado e reformado pela Odebrecht de forma mascarada.
Lula diz que o sítio não é seu, porque não está em seu nome. Aí é zombar da inteligência dos brasileiros. O processo é justamente por ocultação de patrimônio, por ser proprietário do imóvel escondendo-se atrás de outros nomes para encobrir o seu.
O sítio de Atibaia está registrado em nome de Fernando Bittar, filho de Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas pelo PT, e Jonas Suassuna. Os dois são sócios de Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente. Porém, segundo o MPF, há provas de que, da mesma forma que o imóvel do Guarujá, Lula está ocultando patrimônio e que, para isso as figuras acima citadas não am de laranjas. A Polícia Federal encontrou elementos que comprovam que o sítio pertence, na verdade, ao ex-presidente. Entre eles estão bens pessoais, roupas e indícios de visitas frequentes ao imóvel. A denúncia afirma que entre 2011 e 2016, Lula esteve no local cerca de 270 vezes. Por exemplo, uma foto registra a presença de lula no local. A OAS comprou a cozinha do sítio de Atibaia na mesma loja em que ela comprou a cozinha do triplex.
Magnânimo, e apesar de perceber a trapaça de defesa lulista, no final da audiência Sérgio Moro permitiu que Zanin tivesse o ao computador de Marcelo Odebrecht até o dia 24 de abril. Após isso deverá ser aberto o prazo para as alegações finais e ao fim deste processo o magistrado proferirá a sua sentença.
O juiz Sérgio Moro permitiu, em março, que a defesa de Lula tivesse o aos e-mails entregues por Marcelo Odebrecht. Esses e-mails só foram anexados ao processo depois que Marcelo Odebrecht, que é réu e delator, saiu da prisão em dezembro e começou a analisar o computador pessoal dele.
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