Já as vendas reais, que acumulam 10,6% de retração em 12 meses, variaram em 0,5% no mês 4l6h3c
As horas trabalhadas na produção e os salários reais na indústria paulista caíram em janeiro deste ano, aponta a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao divulgar dados do setor nesta quarta-feira (28).
De acordo com a entidade, as horas trabalhadas na produção da indústria de transformação paulista recuaram 0,5% na agem de dezembro de 2023 para janeiro deste ano. Já os salários reais médios caíram em -0,7% na mesma análise, sendo a segunda queda seguida. Em dezembro de 2023, o indicador havia caído -0,3%.
Nos 12 meses encerrados em janeiro de 2024, as horas trabalhadas na produção e os salários reais médios acumulam altas de +0,7% e +1,0% respectivamente.
Já o Nível de Utilização da Capacidade Instalada ficou em 78,6% em janeiro, sendo -1,2 p.p. abaixo do registrado no mês anterior (79,8%), ficando no mesmo patamar de utilização de janeiro de 2023.
Por outro lado, houve mais uma melhora nas vendas reais da indústria do estado de São Paulo, com alta de 0,5% no mês de janeiro deste ano frente a dezembro de 2023, que também apresentou elevação de 3,1%.
No acumulado de 12 meses até janeiro de 2024, as vendas reais ficaram -10,6% abaixo do registrado para o mesmo intervalo de tempo de 2023. Nesse tipo de análise, as vendas reais estão no polo negativo desde 2022, época que recuaram em -11,2%.
Em 2023, a indústria paulista registrou uma queda de 1,5% em sua produção, influenciada pelo efeito da política de restrições aos investimentos e ao consumo de bens e serviços, que está sendo imposta pelo Banco Central, por meio da manutenção da taxa de juros (Selic) em níveis elevados, hoje em 11,75% ao ano.
No ano ado, a indústria brasileira, no cômputo geral, marcou estagnação em sua produção, ao registrar uma alta de 0,2% frente ao ano de 2022, época em que o setor registrou uma queda de -0,7%.
Com uma Selic acima dos dois dígitos, num ambiente de baixa inflação, o que coloca o Brasil entre os maiores pagadores de juros reais do mundo, 64% dos ramos industriais apresentaram recuo em suas produções no ano ado, com destaque para eletrônicos e informática (-11%), máquinas e equipamentos mecânicos (-7,2%), elétricos (-10,1%) e veículos (-7,1%) – segmentos que são sensíveis à oferta de crédito.
Neste ano, o financiamento à economia real segue desacelerando tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas, segundo o Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central (BC).
“O financiamento à economia real continuou desacelerando. Nas principais modalidades de crédito às pessoas físicas manteve-se a tendência de desaceleração ou ou-se a observar estabilidade no crescimento, à exceção da carteira de financiamento de veículos, que mostra aceleração. Para as pessoas jurídicas, continuou a desaceleração do crédito bancário”, diz trecho da ata do Comef, que foi publicada nesta quarta-feira (28). A assim como o Copom (Comitê de Política Monetária), o Comef é comandado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Mesmo com essa constatação, Campos Neto defendeu que a política contracionista monetária/econômica do BC deve ser mantida, pois, segundo ele, apesar de o Brasil viver “uma redução progressiva da inflação”, “riscos permanecem à frente”, disse em discurso de abertura da reunião de ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do G20, nesta quarta (28).
O suposto “risco” se dá ao cumprimento da meta fiscal que foi estabelecida pela equipe econômica do governo federal, de déficit zero nas contas do governo em 2024. Para o chamado mercado, que Roberto Campos representa no BC, o arrocho fiscal está sob ameaça diante da intenção do governo de alavancar os investimentos públicos no país – ação que pode tirar o Brasil da estagnação econômica e alavancar a reindustrialização no país. Por isto, as críticas recentes de aduladores do mercado em jornais e outros veículos de mídia à política Nova Indústria Brasil (NIB), que prevê a soma singela de R$ 300 bilhões, distribuídos via empréstimos ao setor até 2026.
