
O subsecretário-geral de ajuda humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU), Tom Fletcher, afirmou que as pessoas em Gaza estão sendo submetidas à fome forçada por Israel
Tom Fletcher disse também que “a fome forçada pelas forças de Israel equivale a crime de guerra. E que é claro que estas são questões para os tribunais julgarem e, em última análise, para a história julgar. Mas com certeza, isso é classificado como um crime de guerra”.
Israel mente que começou a permitir a entrada de ajuda humanitária limitada em Gaza na semana ada, depois que um bloqueio de quase três meses interrompeu a entrega de suprimentos como alimentos, medicamentos, combustível e abrigo, mas torna a entrega de víveres por equipes de mercenários e os palestinos famintos que acorrem aos postos de entrega são recebidos a tiros de metralhadora, rifles e tanques. Dezenas de palestinos de Gaza morreram peto destes postos nos últimos dias.
Também retomou sua ofensiva militar duas semanas depois de impor o bloqueio, encerrando um cessar-fogo de dois meses com o Hamas e agora vem adiando um acordo de cessar-fogo com troca de prisioneiros enquanto acirra o bombardeio.
Enquanto mantém o curso do genocídio, Israel diz que as truculentas medidas tinham o objetivo de pressionar o grupo armado a libertar os 58 reféns ainda mantidos em Gaza, dos quais acredita-se que pelo menos 20 estejam vivos.
Desde a flexibilização do bloqueio, cenas de caos foram testemunhadas nos centros de distribuição de ajuda humanitária istrados pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF) — um grupo apoiado pelos EUA e por Israel e, segundo denuncia a Federação Árabe Palestina do Brasil, FEAL, com financiamento dos serviços secretos – especializados em golpes e assassinatos – CIA e Mossad.
A agência de notícias palestina, WAFA, anuncia que o marido a pediatra de um hospital de Gaza, Alaa Al Najar, que tivera nove filhos mortos em um bombardeio israelense a sua residência, acaba de perder o marido, Dr. Hamdi Al-Najjar, que não resistiu aos ferimentos pelas bombas que caíram sobre sua casa
As Nações Unidas denunciaram que a crise humanitária na Faixa de Gaza atingiu seu ponto mais crítico desde o início da guerra genocida provocada por Israel, que começou em outubro de 2023.
Stéphane Dujarric, porta-voz do Secretário-Geral da ONU, em coletiva de imprensa na sexta-feira (30), citou relatórios do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), que confirmaram que a situação nunca foi pior em termos de necessidade humanitária e sofrimento do povo palestino, destacando a deterioração das condições em Gaza e afirmando que os ataques das forças do governo Netanyahu contra a Faixa continuam inabaláveis.
Enfatizou que a necessidade de ajuda humanitária atingiu “níveis sem precedentes” após mais de 80 dias de bloqueio israelense quase completo às entregas de ajuda.
O diplomata também abordou acontecimentos recentes, incluindo a evacuação forçada do Hospital Al-Awda, no norte de Gaza, pelas forças israelenses e o deslocamento contínuo de civis. Aproximadamente 200.000 pessoas foram deslocadas à força dos seus locais de moradia ou de salvaguarda somente nas últimas duas semanas.
Apenas 19 dos 36 hospitais na Faixa de Gaza permanecem operacionais, incluindo um que fornece cuidados básicos aos pacientes ainda hospitalizados. Esses hospitais estão enfrentando grave escassez de suprimentos, falta de equipe médica, insegurança persistente e um aumento repentino de vítimas, tudo isso enquanto a equipe trabalha em condições precárias. Pelo menos 94% dos hospitais na Faixa de Gaza estão danificados ou destruídos.
Dujarric insistiu em que as quantidades limitadas de ajuda atualmente permitidas na Faixa de Gaza são “lamentavelmente insuficientes” para ajudar os 2,4 milhões de pessoas que precisam desesperadamente de assistência vital.
ÚNICA ÁREA DEFINIDA ONDE TODA A POPULAÇÃO CORRE RISCO DE FOME
“É a única área definida, um país ou um território definido dentro de um país, onde toda a população corre risco de fome. 100% da população corre risco de fome”, declarou o também porta-voz da OCHA Jens Laerke durante a coletiva de imprensa regular da ONU em Genebra, refutando alegações em contrário das autoridades israelenses.
Segundo Laerke, Israel teoricamente autorizou a entrada de 900 caminhões de ajuda humanitária desde o levantamento parcial do bloqueio, mas até agora apenas 600 caminhões conseguiram entrar em Gaza, e um número ainda menor de ajuda foi entregue pelo território devido a bombardeios, insegurança e congestionamento nas poucas estradas onde o exército israelense permite a agem.
Reforçando a denúncia, o Comissário-Geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, sublinhou neste sábado (31) que o volume de ajuda humanitária que atualmente chega a Gaza é vastamente desproporcional à escala da catástrofe humanitária que se desenrola no território sitiado.
OPERAÇÃO DE AJUDA HUMANITÁRIA MAIS DIFÍCIL DA HISTÓRIA
Isso significa que a ajuda está sendo distribuída “aos poucos, em uma situação de restrições operacionais que a torna uma das operações de ajuda humanitária mais difíceis, não apenas no mundo de hoje, mas na história recente”, acrescentou.
Em um comunicado à imprensa, Lazzarini alertou que a fome em Gaza ainda pode ser evitada — se houver vontade política.
“O que estamos pedindo não é impossível”, disse ele, pedindo que as Nações Unidas tenham permissão para desempenhar seu papel humanitário de entregar ajuda aos necessitados e defender sua dignidade.
Lazzarini revelou que por conta da criminosa política de cerco mantida por Israel, apenas 900 caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza nas últimas duas semanas — cobrindo apenas 10% das necessidades diárias da população. Ele enfatizou que conter a atual fome exige ação política, não apenas medidas logísticas.
O chefe da UNRWA também pediu que as agências da ONU e as organizações humanitárias tenham permissão para retomar suas operações em Gaza, após a interrupção e controle das entregas de caminhões de ajuda humanitária que está em vigor desde 2 de março por ordens de Netanyahu.
Lazzarini observou que, durante o cessar-fogo anterior, a UNRWA e outros grupos humanitários conseguiram trazer de 600 a 800 caminhões por dia, ressaltando que é possível atender às necessidades de ajuda se o o for concedido.
A agressão israelense em curso em Gaza desde outubro de 2023 resultou até agora em pelo menos 54.321 mortes palestinas documentadas, com mais de 123.770 feridos.
Teme-se que milhares de vítimas estejam presas sob os escombros, iníveis às equipes de emergência e defesa civil devido aos ataques israelenses.