
Produção industrial total variou apenas 0,1% em relação a março. Na comparação com abril do ano ado, a queda foi de 0,3% 1s6k60
A produção física da indústria nacional ficou estagnada em abril deste ano, ao variar apenas 0,1% no mês em relação a março, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (3). Frente a abril de 2024, a produção industrial recuou -0,3%.
Considerando apenas a indústria de transformação, que corresponde a mais de 80% da indústria geral, a queda foi de -0,5% em abril frente a março e de -2,0% frente a abril de 2024.
Com esse resultado, a indústria manufatureira — mais sensível ao cenário de crédito — continua acumulando mais resultados negativos do que positivos, frente as elevadas taxa de juros impostas pelo Banco Central, entre as mais altas do planeta, que dispararam de setembro de 2024, quando a taxa Selic estava em 10,5%, para os atuais 14,75%.
Veja o desempenho da produção da indústria de transformação nos últimos oito meses, conforme o IBGE:
Set/2024: alta de 1,5%;
Out/2024: alta de 0,3%;
Nov/2024: queda de 1,3%;
Dez/2024: queda de 0,7%;
Jan/2025: alta de 0,8%;
Fev/2025: queda de 0,5%;
Mar/2025: alta 0,9%;
Abr/2025: queda de 0,5%.
No primeiro trimestre deste ano, o PIB da Indústria – que é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos pelo setor no país – recuou 0,1% em comparação com o último trimestre de 2024 (alta de 0,2%). No mesmo período, a indústria de transformação caiu 1%, o primeiro resultado negativo desde o quarto trimestre de 2023, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
“O PIB da indústria de transformação voltou a ficar no vermelho: -1,0% ante o 4º trim/24, aprofundando sua trajetória de desaceleração. Foi a primeira queda desde o 4º trim/23”, alertou a entidade, ao analisar o resultado do PIB do primeiro trimestre deste ano, com alta de 1,4% ante ao último trimestre de 2024, puxado pelo agronegócio. “A construção também recuou, neste caso -0,8%. Cabe observar a carga desfavorável da alta das taxas de juros para estas frações da indústria, mais sensíveis às condições do crédito”, ressaltou.
“Sem redução de juros, a indústria vai demorar a ganhar força de novo”, alerta presidente da CNI, Ricardo Alban
Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) ressaltou que o crescimento de 1,4% do PIB brasileiro no primeiro trimestre, impulsionado pela agropecuária, embora expressivo, ocorreu em um contexto marcado pelos juros abusivos do Banco Central.
“Setores como a indústria de transformação e a construção, fundamentalmente ligados ao aumento da capacidade produtiva do país, recuaram, como consequência dos juros altos e da intensa entrada de bens importados”, criticou o presidente da CNI, Ricardo Alban.
“A indústria já perdeu o forte ritmo de crescimento observado no ano ado. Sem redução de juros, a indústria vai demorar a ganhar força de novo. A indústria tem sido fundamental para o crescimento vigoroso da economia. Com o cenário atual, fica cada vez mais difícil sustentar esse desempenho”, avaliou Alban.
METADE DAS ATIVIDADES INDUSTRIAIS REGISTRARAM QUEDA
Em abril deste ano, onze das 25 atividades industriais mostraram queda na produção, com destaque para máquinas e equipamentos (-1,4%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,9%), móveis (-3,7%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,5%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-8,5%) e produtos diversos (-3,8%).
Do lado positivo, destaque para a indústria de veículos automotores, reboques e carrocerias (1,0%), indústrias extrativas (1,0%), bebidas (3,6%) e impressão e reprodução de gravações (11,0%).
Entre as quatro grandes categorias, bens de consumo recuou 1,6% na agem entre março e abril deste ano, uma queda puxada pelo desempenho negativo na produção de bens de consumo semi e não duráveis ( -1,9%) e pelo baixo resultado no segmento de bens de consumo duráveis. Em relação a abril de 2024, bens de consumo também assinala queda em sua produção (-4,2%).
Já bens de capital cresceu 1,4% em abril ante ao mês imediatamente anterior. No entanto, frente ao mesmo mês de 2024, esse segmento amarga uma queda de -3,3%. Por sua vez, bens Intermediários avançou em ambas as bases comparativas, 0,7% e 1,9%, na ordem.
ANTONIO ROSA